sexta-feira, setembro 26, 2008

Paz

"A ira e o ressentimento podem por vezes assumir tais porporções dentro de nós, que não nos deixem ouvir mais nada para além deles. Mas a palavra "Perdoo-te" encerra uma harmonia tão doce que nada poderá ultrapassá-la"
Alaric Lewis, O.S.B. in A Magia da música

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Curvas do teu corpo


São assim, as curvas do teu corpo.
De harmonia quente que embala o meu.
Não és gente, és delírio, és quimera
Som que me transporta, razão do meu viver

Se a mim te aperto, te prendo
meu ser, minha voz, meu canto,
É porque sem ti não existo,
És vício e razão do meu pranto

Doce é a tua melodia de encanto
Tímida a minha mão que te toca
Meus dedos que te delineiam,
Que te fazem soar num eterno devaneio

São elas a minha mais doce loucura
Meus medos, minhas paixões, minha agrura
Pois sem elas não vivo, não durmo, não como
Morro tristemente num silêncio que perdura

São meus dias, meus desejos e sonhos
Minha astenia, minha ausência de querer
Mas que amor és tu que me fazes enlouquecer?
Sem ti, minha música, um desejo somente: morrer.

terça-feira, setembro 25, 2007

Consciência

Entre os rasgos de uma negra aurora
Aporto meus pés, meus olhos, meu ser
Pois descubro nessa dura a hora
Que é eterno o meu não querer

O vazio que me transporta
Toca-me fundo o coração
Coração que sempre foi pedra
Mártir e servo da razão

Razão essa que hoje nem conheço
Em que sempre confiei mas até temi
Porque no fundo meu destino é esse:
Sofrer porque nunca sofri.

Como posso invejar a dor
De quem ama e pede a amor
De quem grita por paixão
De quem reza em fervor,

Se nunca antes em meus dias
Em meus anos, em minha vida
Considerei tal como regalia
E não mais lá vi senão astenia?

Agora choro, qual pedra gelada,
Seixo que tenta entender
Onde errou, onde falhou
Sem algum dia perceber
Que quem ama se erra ou falha.
É porque somente um jogo jogou,
Foi consigo que sempre brincou
E, simplesmente... nunca amou...

domingo, setembro 02, 2007

Nada mais.



Em amor, te toco
Em amor, te abraço
Em amor, te acaricio
Em amor, te beijo

Esta noite que foi nossa,
Não mais acabou
O beijo, o olhar que trocámos
Para sempre perdurou

Meu corpo dedilhaste
Qual violoncelo seguraste.
Doce melodia de encanto
Executaste, manuseaste,
Até que por fim em certo pranto
De amor, paixão de tal ardor
Contornaste, feito negro manto,
Todas as minhas curvas em fervor
De almas despidas, desnudas
De qualquer alienação que não nós,
Promete-me que não mais mudas
Promete ser somente a tua voz.

Pois se te sinto,
- Razão essa que me apazigua
O coração e todo o meu ser, -
É porque me sentes assim nua e crua
Sem querer nem poder
Nada mais ser senão tua.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Essa noite

(O que saberei acerca do meu futuro? O que esperarei? Também me procuro e muitas vezes não me encontro... No entanto fiz-me quem sou, criei-me, recriei-me e fiz por escolher sempre a melhor opcção, ou pelo menos aquilo que até hoje considero ser a melhor opção. Por vezes difícil.Mas agora minha decisão está tomada).

Pensei esperar-te
Mas lembrei-me que não tens nada pelo qual esperar
Pensei ficar
Mas lembrei-me nada ter que me segurar
Pensei partir
Ir embora, não mais voltar
Pensei no meu destino
Pensei em mim, finalmente.
E assim parto,

Parto feliz, parto dormente
E continuarei a partir
Por entre farsas, entre o sorrir
Para não mais me lembrar
Para não mais voltar
Para não mais te amar.

E assim vou sem para trás olhar
Não me importa teu chorar
Não me importa meu soluçar
Nada importa se não mais te amar

Mas vou, decidi que vou
E NUNCA mais voltarei,
NUNCA mais te verei
Pois só agora, aquela que tanto te amou
Partiu, e para ti não mais cantou

Por isso, tu que tanto sentes,
Toma-o por bem sentido
Esse "Adeus" não complacente
Seco, podre, falecido.

Adeus

quinta-feira, junho 14, 2007

Silêncio

É altura de pausa
A Diva calou
Voltará a cantar?
Morreu?

Passa um tempo
Passam dois
De quantos tempos será a pausa?

Até novo compasso
De notas fugidias
Assombrosa e galante melodia
A Diva calou...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Toca-me




Como a abelha pousa na flor,
Como o arco arrasta na corda,
Como o vento sustenta o pássaro,
Como a capa guarda as folhas,
Como a areia segura a pegada,
Como a calma transporta o lago,
Como o cobertor acarinha o lençol,
Como as estrelas abarcam a noite,
Como a cor invade os olhos,
Como a tinta afaga o papel,
Como o sol aquece o chão,
Como o tecto protege a casa,

Simplesmente, toca-me...