terça-feira, setembro 25, 2007

Consciência

Entre os rasgos de uma negra aurora
Aporto meus pés, meus olhos, meu ser
Pois descubro nessa dura a hora
Que é eterno o meu não querer

O vazio que me transporta
Toca-me fundo o coração
Coração que sempre foi pedra
Mártir e servo da razão

Razão essa que hoje nem conheço
Em que sempre confiei mas até temi
Porque no fundo meu destino é esse:
Sofrer porque nunca sofri.

Como posso invejar a dor
De quem ama e pede a amor
De quem grita por paixão
De quem reza em fervor,

Se nunca antes em meus dias
Em meus anos, em minha vida
Considerei tal como regalia
E não mais lá vi senão astenia?

Agora choro, qual pedra gelada,
Seixo que tenta entender
Onde errou, onde falhou
Sem algum dia perceber
Que quem ama se erra ou falha.
É porque somente um jogo jogou,
Foi consigo que sempre brincou
E, simplesmente... nunca amou...